sábado, abril 18, 2020

Estádio 1º de Maio - 70º Aniversário

No próximo mês o "Belhinho" Estádio 1º de Maio celebrará o 70º aniversário da sua inauguração.

Inicialmente designado de 28º de Maio como forma de o regime ditatorial do Estado Novo celebrar a revolução militar saída de Braga em 1926 - como descontentamento pela situação política da altura - mas que abriu portas para que anos mais tarde se instalasse uma longa ditadura.



Focando apenas na vertente desportiva, o Estádio 1º de Maio surgiu 6 anos depois da inauguração do Estádio do Jamor, sendo assim a mais moderna instalação desportiva do País, possibilitando a exibição de outras modalidades além do futebol - um autêntico estádio olímpico - com capacidade para mais de 40.000 espectadores.


Só mais tarde surgiram os novos estádios dos designados três grandes talvez motivados e deslumbrados pela monumentalidade deste estádio a saber: Antas (1952), Luz (1954) e Alvalade (1956). Outra equipa de relevo da época, Os Belenenses, também só teria o Restelo inaugurado em 1956.



Ainda mais tarde se inauguraram recintos de outros emblemas desportivos de renome como o Bonfim do V. Setúbal (1962) e Guimarães (1965).



Quem, como eu, nasceu no final do anos 70, e teve oportunidade de assistir aos jogos fora de portas do SC Braga, especialmente no Norte, até meados da primeira década do novo século, facilmente constatou que apesar de inaugurado em 1950, o Estádio 1º Maio estava muito à frente da concorrência. No Norte apenas o Estádio das Antas estava no mesmo patamar desta imponente infraestrutura. Mesmo o estádio do Vitória SC esteve muitas vezes em obras e até meados dos anos 90 as condições dadas aos adeptos adversários estavam longe de serem as melhores. O Estádio do Bessa só realmente ganhou condições dignas desse nome após a reconstrução para o Euro 2004.


Não é de admirar que durante décadas os jogos realizados no "Belhinho" fossem de grande romaria não apenas de jogos dos ditos três grandes mas de muitos emblemas começando pelos mais próximos como o Vitória SC, FC Famalicão, Gil Vicente, Boavista FC, Leixões SC, SC Salgueiros, Varzim, entre outros. No fundo procuraram as condições para ver as partidas de futebol que não disponham em casa. Os jogos dos ditos grandes também sempre foram alvo de grande procura. Sendo Braga a Capital de Distrito e Província e o ponto mais a Norte onde haviam jogos da 1ª Divisão com um Estádio pleno de condições, muitos adeptos de Melgaço ao Porto e de Viana a Guimarães,  aproveitam as tardes de domingo para se deslocar a Braga em família e grupos de amigos e assistir a uma partida jogada em "tapete verde".



Isto porque para além da possibilidade de se deslocarem a uma cidade monumental em família, a envolvência ao Estádio 1º de Maio permitia um fácil estacionamento e arraial no Parque da Ponte (já vem de muito longe a utilização deste espaço para fins recreativos...(desde couto de caça dos Arcebispos, Festas de São João, Corrida do Porco Preto, entre outros), além da hospitalidade do povo bracarense. Claro que quezílias as houve como é normal num espectáculo com emoções e alguma dose de bairrismo à solta.



Com o Euro 2004 viveu-se a construção de novos estádio necessários à realização deste evento mas também outras localidades apostaram na construção (Barcelos) ou beneficiação de campos existentes. Assim, as condições para os intervenientes ficaram niveladas apenas existindo a confrontação típica do género "a minha pilinha é maior do que a tua" no que respeita à lotação.

Nos dias de hoje o Estádio 1º de Maio ainda recebe eventos desportivos do SC Braga mas na vertente futebolística feminina e até há bem pouco tempo da equipa B de futebol masculina.

Com o advento da Cidade Desportiva, e com novas obras supostamente para a construção de um mini-estádio, o SC Braga deverá deixar de utilizar esta infraestrutura que o tem servido ao longo de sete décadas.

Porém, não são de hoje os alertas para a degradação da estrutura do estádio, que podem fazer perigar as vidas de quem o frequenta. Com o Estádio Municipal de Braga inaugurado em 2004, cujo o custo de construção derrapou de forma colossal, além das contas públicas que ficarão calamitosas nos próximos tempos devido à pandemia do Covid-19, não se vislumbra um trajecto fácil deste Estádio nos anos que se seguem. 

Ainda assim a memória colectiva bracarense preserva as tarde de festa aos domingos quando a oferta de entretenimento era muitíssimo inferior aos dias de hoje além de transmissão massiva de jogos em tantas plataformas.







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